Eletrocardiograma
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Intro
Este é um compêndio e exemplos de eletrocardiogramas de condições incomuns.
Arritmias atriais
Fenômeno de Ashman
$QRS$s alargados, com morfologia de BRD que aparecem com $\overline{RR}$ curto se comparado ao prévio. Pode se apresentar em quaisquer arritmias, porém é mais comum na fibrilação atrial.
Fibrilação atrial
- $QRS$ estreito;
- Ritmo irregularmente irregular;
- Ondas $P$ não identificadas ou desorganizadas; e
- Possível presença de ondas $f$ que possuem linha de base elétrica e chamadas grosseiras quando possuírem voltagem superior a 0,5mm ou 1mm.
graph TD; 2(Presença de ondas f.
Ritmo irregularmente irregular.) --> fa(Fibrilação atrial); fa -- hemodinamicamente
instável --> cve(1. Internação;
2. Cardioversão elétrica imediata:
200J iniciais
ou
Bifásico 200J
ou
Pás anteroposteriorizadas); fa -- hemodinamicamente
estável --> t(Tempo de sintomas) -- menor que 48h
ou
paciente já anticoagulado --> 3(Cardioversão elétrica ou química); t -- menor que 7 dias --> 4(Ainda compensa
tentar cardioversão
química); t -- maior que 7 dias
ou
anticoagulação desconhecida --> 6(1. Anticoagular;
2. Jejum;
3. Sedação;
4. Cardioversão elétrica.);
Cardioversão química
- Amiodarona em bolo de 5 a 7mg/kg em 30 minutos; e
- Propafenona oral de 600 mg ou 2 mg/kg intravenosa.
Flutter atrial
- Ritmo pode ser irregular ou regular;
- Possíveis ondas $F$ de base isoelétrica perdida. O mais comum é que a polaridade dessa onda seja negativa em DII, DIII e aVF; e
- A frequência ventricular costuma ser metade ou outra fração inteira da frequência atrial.
graph TD; 5(Presença de ondas F em II, III e aVF
possivelmente negativas.
Base isoelétrica perdida.) --> ff(Flutter atrial); ff --> t2(Tempo de sintomas) -- menor que 48h --> 7(Tentar cardioversão com 50J) -- falha --> 8(Repetir com 200J); t2 -- maior que 48h --> 9(1 Controle de frequência ventricular.
2 Ecocardio para
descartar trombos.);
Controle de frequência ventricular
- Diltiazem intravenoso a 0,25mg/kg em 2 minutos;
- Verapamil intravenoso 5mg em 2min; ou
- Metoprolol intravenoso 5mg em 5min.
Observações
- A adenosina a 6mg/bolo intravenoso pode ser usada em toda arritmia supraventricular, porém a reversão para ritmo sinusal é rara. Funciona mais como um redutor de frequência cardíaca, permitindo diagnóstico mais apurado, e.g. quando há confusão entre flutter e fibrilação atrial;
- Pode-se repetir o bolus de adenosina dentro de 2min ou em momento diferente;
- O flutter pode ser curado por meio da ablação por radiofrequência;
- No flutter está contraindicado a tentativa de reversão química, notadamente a amiodarona, porque o ritmo pode se converter em um mais lento ainda levando a instabilidade hemodinâmica.
Bloqueio atrioventricular
De grau 1
- Todas ondas P’s associadas a um $\overline{QRS}$ sequente.
- Intervalo $\overline{PR}$ vai alargando acima de 200ms.
Grau 1
Grau 1
De grau 2 - Mobitz I
- Há perda de condução de ondas P’s com progressivo alargamento do $\overline{PR}$, como em grau 1.
- Intervalo $\overline{PR}$ vai alargando acima de 200ms até ocorrer a onda P perdida, é o fenômeno de Wenckebach.
De grau 2 - Mobitz II
- Há perda de ondas P’s sem progressivo alargamento de $\overline{PR}$, ou seja, sem Wenckebach.
- É benigno quando o QRS é estreito, dito supra-hissiano.
- É maligno quando o QRS é alargado infra-hissiano.
Causas:
- Anterior MI (due to septal infarction with necrosis of the bundle branches)
- Idiopathic fibrosis of the conducting system (Lenègre-Lev disease)
- Cardiac surgery, especially surgery occurring close to the septum e.g. mitral valve repair
- Inflammatory conditions (rheumatic fever, myocarditis, Lyme disease)
- Autoimmune (SLE, systemic sclerosis)
- Infiltrative myocardial disease (amyloidosis, haemochromatosis, sarcoidosis)
- Hyperkalaemia
- Drugs: beta-blockers, calcium channel blockers, digoxin, amiodarone
De grau 3 ou bloqueio total
- As ondas P’s tem ritmo totalmente alheio ao dos $\overline{QRS}$.
Bloqueio divisional anterosuperior
O bloqueio escondido! Geralmente assintomático, a única suspeita será o eixo desviado. Quando apresenta clínica, são sintomas indeterminados como síncopes.
Critério obrigatório:
- Desvio de eixo para esquerda;
Critérios não obrigatórios:
- rS em $II, III$ e $aVF$ com S3 maior que S2;
- $QRS$ estreito;
- Onda S em $III$ maior que 15mm;
- $qR$ em $I e aVL$ com tempo de deflexão maior que 50ms ou $qRs$ com $S$ mínima em $I$;
- $qR$ em $aVL$ com $R$ empastado;
- Progressão lenta de $R$;
- Presença de $S$ de $V4 a V6$ — ausência de sobrecarga no ventrículo esquerdo.
Bloqueios de ramos
Esquerdo
Não há negatividade de V6.
Direito
Em breve.
Ondas delta
Wolff Parkinson White
- PR encurtado;
- Onda delta;
- QRS largo;
- Causa: circuito de condução anômalo congênito prévio ao nó atrioventricular.
Sobrecarga ventricular
Esquerda
- Índice de Sokolov-Lyon: se a soma de S em V1 com R de V5 ou V6 somam mais de 35mm ou 40mm se paciente atleta ou muito jovem.
- Se R de aVL ou S de V3 somam 28mm em homens e 20mm em mulheres.
Direita
- Onda S em V5 ou V6 com pelo menos 7mm. – Onda R dominante em V1 e/ou V2.
- Ocasionalmente, bloqueio de ramo direito.
Ondas J ou de Osborn
- Entalhe similar a uma onda $R$ no fim do $QRS$, alterando o ponto $J$, daí seu nome;
- Causas comuns envolvem hipotermia, hipercalcemia, lesões cerebrais, hemorragia subaracnóidea, parada cardíaca relacionada à sedação, angina vasoespástica e fibrilação ventricular idiopática.
ECG de sobrecarga de câmaras esquerdas com onda de Osborn
Achados isquêmicos
Alterações de repolarização
Em breve.
Infradesnivelamento de ST
Em breve.
Supradesnivelamento de ST
O ponto $J$ se desnivela acima da linha de base em $V2$ e $V3$:
- Em mulheres, pelo menos 1,5mm;
- Em homens com mais de 40 anos, mais que 2mm;
- Em homens com menos de 40 anos, mais que 2,5mm;
- Nas derivações de plano horizontal e em $V1$, $V4$ a $V6$, a elevação acima de 1mm em quaisquer destas, para quaisquer pessoas; e
- Para derivações $V3R, V4R$ e $V7$ a $V9$, quaisquer desnivelamentos de pelo menos 0,5mm em todos indivíduos.
Padrão Wellens
Um extenso infarto está iminente. A repolarização mostra alterações por grande estenose ou outra forma de obstrução que estão em iminência de agravamento, por isso ainda não há sinais de dano franco miocárdico como supradesnivelamento, onda Q patológica ou má progressão de R.
- Ondas T bifásicas ou simétricas e invertidas em $V2$ e $V3$. Pode ou não haver em V1, V4, V5 e V6.
- Ausência de ondas Q patológicas.
- Ondas R no plano horizontal (V1-V6) com progressão normal.
- Supradesnivelamento do segmento ST pequeno ou ausente.
- Sem indicadores de necrose miocárdica.
Padrão Winter
Em breve.
Padrão Aslanger [1]
Um infarto transmural de parede inferior sem configuração tradicional de infarto com supra.
Além disso, o comprometimento de circunflexa e outros infartos difusos também podem apresentar correlação com o padrão.
- Supra isolado de $III$;
- Infra concomitante em qualquer derivação de $V4$ a $V6$ com onda $T$ ou final da onda $T$ positiva; e
- $\overline{ST}$ em $V1$ mais alto do que em $V2$.
Isquemia circunferencial
Supradesnivelamento de $\overline{ST}$ em $aVR$ e infradesnivelamento em derivações precordiais. A literatura pode divergir sobre quantas derivações com infra são necessárias para diagnóstico.
Isquemia circunferencial provavelmente em início, note o padrão de supra ascendente "feliz" em aVR.
Padrão de ascenção côncava para baixo ou “feliz”
Indica início de infarto miocárdico ou alterações não isquêmicas na topografia da derivação ou globais, como alterações eletrolíticas.
Inversão fisiológica de ondas T
É possível o achado de ondas T precordias invertidas, principalmente em mulheres jovens e atletas.
Marca-passo
Referências
- Aslanger EK, Smith SW. Response to: “A new electrocardiographic pattern indicating inferior myocardial infarction”. J Electrocardiol. 2020 Nov 18
Bibliografia
- Malcolm S Thaler. ECG essencial 7°ed. Artmed, 2013. Porto Alegre - Brasil. ISBN 978-85-65852-76-0 1.
- Cavalcanti, Eduardo et al. Manual de Eletrocardiografia Cardiopapers. Atheneu, 2017. [S. l]. Brasil. ISBN-13: 978-8538807926.
Imagens
Acervo próprio.
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